sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Ordinary People



LX-418-Al S.Nicolau
O chiar da borracha humedecida e o som da ondulação a quebrar no cais, despertam os sentidos da minha alma. O cinzento do ar, confunde-se no triste verde da água, ilustrando o compasso da melancolia. O frio e escuro ferro das docas, fica para trás assim que os motores iniciam o rugido da sua fúria.
O vento que me acolhe, faz o meu cabelo esvoaçar, rasgando-me a face com subtileza. Os raios de luz já mal se vislumbram, por entre a penumbra das nuvens que se aproximam, e eu sigo sentado num qualquer lugar, cruzando o rio da ponte vermelha, aquela que lá ao fundo me completa a paisagem.
A espuma branca das ondas desvanece-se lentamente, traçando o rasto daquilo que é o meu percurso. Um caminho sinuoso e turbulento, que não dá sinal de acalmar. Por aqui as gaivotas estão sempre em terra .
Não sei por que linhas me tornarei, quando tão pouco sei aquilo que sou. Perco-me, confundo-me, transcendo-me. Encontro-me no meio de um remoinho de emoções, tal e qual aquele que o barco provoca ao atracar, mudando totalmente a direcção dos seres que por ali navegam.
A viagem acaba. As pessoas saiem. Mas eu fico.
Ainda não encontrei o meu porto.
Johnny*


Sem comentários:

Enviar um comentário