Hoje é o dia de todos os dias
Hoje é o dia mais longo das nossas vidas
Põe o teu corpo, bem junto do meu
Uma voz escondida disse: "Eu. Sou eu."
Os meus olhos perdem-se no lento ondular cinzento. É incrível observar como ultimamente aquele pedaço de água reproduz tão bem o escuro que me invade e aprisiona a alma. A luz do dia já foi há muito substituída por um lusco-fusco laranja que se reproduz pelas margens da cidade.
Embrenho-me nos meus pensamentos, que de vez em quando são assolados pela conversa das duas raparigas que à minha frente se encontram, e cujo tema de conversa é invariavelmente as preocupações da rotina diária. Que inveja.
Distraio-me demais e por pouco não perco a minha paragem.
Suspiro, reúno coragem e subo. Não sei bem para onde.
Hoje queria estar na rua. Continuar a sentir a chuva incessante a fustigar-me a pele. Imóvel no vento, sentindo a liberdade. Sentindo-me único. Natural.
Vaguear a noite inteira sem destino. Sem certezas. Sem preocupações.
Apenas na esperança de numa dessas encruzilhadas me poder encontrar.
Cuida de mim, traz-me aconchego, tenho frio
Quero sair, leva-me p'ra um lugar, que nunca ninguém viu
Depois será tarde, p'ra sempre mais tarde
Ontem já não conta, já está esquecido
Pedes-me o céu, respiro o teu ar
Desejas meu beijo, faz-me voar!
Johnny*
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